26 de outubro de 2011

Aconteceu.


“Eu chorei. Faltava apenas um motivo, e aconteceu. Eu jamais poderia imaginar tamanha dor, porque eu colhia margaridas no momento em que meu coração partiu e cai no chão aos prantos.
Dormi. Durante meu sonho, você pedia desculpas, mas eu tinha consciência de que todos os perdões acabaram. Eu sofria toda vez que tinha que dizer não pra você.
Amanheceu. Quando abri meus olhos você me olhava com uma cara de culpa e implorava pra voltar, mas eu não podia mais. O maior problema foi ter te aceitado de volta porque se eu te amo, era óbvio que te aceitaria de novo, mesmo todos os dias tuas palavras me garantam que será novamente uma diversão. Mas o problema ta no meu pedido? Ou você é apenas discreto demais a ponto de me ignorar? Parabéns, você definitivamente conseguiu criar uma barreira entre meu sonho e a realidade – oposições que pareciam caminhar lado a lado.
Aconteceu. Eu sabia que a taça ia cair da minha mão e acabar com toda a festa. Minha música não era a certa pro momento. O instrumento que eu tocava não era o seu preferido e ela te conquistou. Era tudo segredo pra mim, até suas intenções. Com ela, todo mundo pode ver, até meus olhos. Mas você não se importa com os boatos. Você vive e eu sobrevivo apenas. Foi fácil. Fui fácil. Chorei.”

                                                YP'             26/10         20:05h

24 de outubro de 2011


“Era tarde. Eu ainda programava minha chegada e fechava nos três meses que eu ficava fixada em fazer apenas uma coisa. Tudo tinha mudado. As canecas de leite quente, ainda suja sobre a escrivaninha, as roupas sujas jogadas no chão, o lápis sobre o caderno verde-neon e foco. Eu já tinha deixado os e-mails e o celular. Mensagens somadas todos os dias na caixa postal. Você não tinha mais notícias minhas e talvez tivesse até desistido de nós dois. Eu tinha fixo na mente um único objetivo e jamais iria deixar sair algo errado porque era minha vida em jogo, a nossa.
 Passou uma semana e chegou o grande dia. Eu passara a noite acordada pensando como poderia ser. O frio na barriga vinha em intervalos curtos e as mãos ‘vez ou outra’ suavam, parecia ansiedade. Eram seis horas, então liguei pra um táxi e pedi pra ele parar no final do quarteirão. Entrei no quarto dos meus pais, dei um beijo neles e deixei um bilhete que dizia para não se preocuparem – como se fosse possível. Parei no aeroporto, anunciaram a decolagem e quando, finalmente sentei no meu canto, uma lágrima desceu. Preocupação e felicidade misturadas em apenas uma gota de água salgada que caia dos meus olhos. Cinqüenta e três minutos depois eu pegava outro táxi, perguntou de onde eu era e me disse algumas coisas que meu pensamento longe não me deixou entender. Quando chegamos na praça principal eu pedi uma floricultura, comprei uma única margarida e seguimos até uma árvore grande que ficava em frente ao local que você trabalha. Sentada em uma calçada, pensei se era isso mesmo que eu queria e se tudo desse certo, como seria o depois?
Então você entrou, deu bom dia como sempre fazia e começou a trabalhar. Levantei num instante, arrumei os cabelos, me olhei no espelho e caminhei em direção a porta, deixando apenas o tempo perdido pra trás. Eu já sentia seu cheiro, aquele que durante meses, imaginava sentir, e apenas sentir. Você estava de costas, quando num primeiro passo que dei adentrando a porta eu ouço sua voz dizer: “Esperei todos os dias por esse momento, eu te amo.”. Então você vira. Seus olhos choravam e seu sorriso era como de uma criança ingênua, com medo de perder o bem mais precioso que garantia sua pequenez, e me abraçou. Pediu pra eu ficar e sussurrou no meu ouvido que jamais imaginou tamanha felicidade.”

                                                                  YP'           11:13h

Manifesto do AssisPan



"Um dia em algum lugar no espaço havia um Rei; um Rei astronauta. Ele tinha tudo; cometas, estrelas, planetas e galáxias inteiras.
Ele tinha tudo. (tinha?)
Uma viagem na nave real o levou para um lugar distante no espaço. Um lugar escuro. Não havia vida, não havia luz. O Rei sentiu medo. E de tão assustado ele não conseguia voltar e sair da escuridão. O Rei astronauta chorou. Chorou por dez anos com os olhos fechados. E quando ele os abriu, havia centenas de novas estrelas brilhando e afastando as trevas.
Cada lágrima do Rei astronauta fez nascer uma estrela. O sofrimento e o medo fizeram surgir a luz. O brilho das estrelas e o pó celeste envolveram o Rei. Beijaram sua face. Nascia sua mulher de luz. Sua Rainha.
O Rei astronauta casou com as estrelas.

Mesmo no escuro você pode encontrar a luz. Chore, lave os olhos e o coração. Abra os olhos e veja as estrelas. Ninguém fica sozinho. Eu levo um pouco de você... e você fica com um pouco de mim.


                                                                                                                    @assispan

20 de outubro de 2011

Tão sublime.


“Meus olhos se abriram cedo. O telefone que tinha ficado no chão na noite passada tocava incansavelmente e tudo o que eu mais queria era ficar sozinha naquele momento. Eu não estava tão depressiva a ponto de querer me jogar da varanda, mas eu precisava mesmo pensar. Pensar se era isso que eu queria, que eu falava, que eu buscava. Pensar sobre o percurso que eu fazia todos os dias indo pra escola, onde eu já conhecia todas as pedras que iriam atrapalhar minha passagem, todas as pessoas que eu iria ver e até o carteiro que iria passar por mim exatamente em frente a floricultura a duas quadras da minha casa. E o resto.
Era tudo tão sublime. Ninguém me culpava de nada, me cobrava apenas o necessário, o óbvio. Mas porque tudo isso ta acontecendo? Porque eu me sinto sozinha, mesmo com tanta gente que eu encontro? Na verdade, nenhum deles e nada que tenho quer meu sorriso. Querem apenas o meu respirar com uma única condição, a da sinceridade. E nada irá mudar apenas para o meu bem. Tudo muda e todo mundo luta por um querer maior, da conta dos seus medíocres hiatos. E seu eu – por vontade própria – não mudar, é melhor comprar uma cadeira de balanço - que com o tempo irá fazer barulho - e com um copo de leite quente e um livro, esperar a velhice chegar.”

                         YP'                    20/10          12:39h

18 de outubro de 2011

Puro


“Qual a relação das tuas mãos com o meu amor? Tudo será eternamente meu, até as dúvidas.
Jamais existirá em eternos raios solares um amor maior que o meu. Entretanto eu sofro porque o tempo exige que eu não chore agora. Mas essa retenção está acabando comigo e esse fingimento matou todas as possibilidades de um dia eu conseguir ser feliz. Desculpa se isso pode ser o que você não quer ouvir agora, mas eu preciso explodir ou pelo menos fingir que converso com meu suposto psicólogo. Ele não quer saber dos meus problemas, mas se preocupa em como eu saberei resolvê-los. Só que isso não vem ao caso agora, e sim nossas confusões.
Acho que estou embaralhando as coisas, até mesmo as palavras. Eu não sei o que dizer. Tenho medo de ser bobagem, ou mesmo até a verdade em massa a ponto de nos comprometer. Mas então vamos começar novamente: ‘Prazer, eu sou sua. Doutorado em margaridas, ansiosa por notícias e peço que fique. Eu te amo .’
Viu? Não consegui me expressar direito mais uma vez. Típico. Comum. Desastrado. Meu jeito te fez sorrir um dia e hoje tudo está diferente, e como. Diferente de tudo o que foi antes, eu sei o que senti, mas prefiro não me comprometer. Só peço que não me sufoque com seus apelos e não me afogue com suas dúvidas. Eu preciso viver. Meu amor ainda é puro. Ingênuo.”

                            YP'        13:19h          18/10

7 de outubro de 2011

Era tão estranho..


"Era tudo tão bonito, verde, claro. Estávamos indo tão bem e todo mundo lutava a nosso favor, até mesmo as pessoas que antes não queriam nem saber. Nossa vida tava interligada de uma forma fantástica e assim que eu chegava nos lugares as melhores e mais comuns perguntas que eram feitas a mim era "como você estava" e a "quanto tempo a gente tava juntos". Eu sorria, enchia o peito de ar e falava de você com uma felicidade semelhante ao de uma criança que viajava pela primeira vez. Quer dizer, seu amor me fazia uma criança, essa era a mais pura verdade. Só que hoje tudo parece se esconder de mim voluntariamente. As pessoas vêm minhas lágrimas caírem dos meus olhos mesmo eu não fazendo nenhuma força para tal ato, e eu me envergonho disso. Não por parecer triste por me preocupar com o que os outros pensam, mas por ter me deixado abater mais uma vez e isso é ruim, e muito. Agora, durante dias, passarei pensando se isso irá acontecer de novo, ou se eu irei sofrer outra vez por causa disso. É doloroso, mas suportável. E na medida do possível, escondido nas entrelinhas, todos os motivos virão á tona e serei mais uma vez feliz."


                                                 YP'                                   20:52 h.         

3 de outubro de 2011

Margaridas.



“Tudo parece tão nítido hoje. As portas se abriram espontaneamente. As janelas parecem ser irmãs do vento e tudo tomou cor assim que abri meus olhos. Tomei meu café, li o jornal e saí. Andei na praça principal, comprei pães e voltei pra casa. Nossas fotos ainda moravam na porta da minha geladeira e teu cheiro ainda estava guardado na minha cama, desde a última vez em que você dormiu comigo. Eu sinto, outras pessoas não. Mas não é bem isso que eu queria dizer. Na verdade eu nem sei o que eu queria dizer, talvez por falta de palavras, talvez por falta de coragem e, que mesmo que isso possa me trazer angústia e dor, eu preciso tentar. Tentar ser feliz, ser diferente. Porém ultimamente me pego pensando mais do que agindo; falta de pessoas, falta de atitudes. Você ainda mora em mim. Eu achava que não, mas me equivoquei . Os dias em que eu disse que não sabia o porque dos nossos desencontros; estava certa, mas respondi todas minhas dúvidas assim que ouvi tua voz, ainda incerta, ainda rasa. E que mesmo sabendo que nós seríamos os principais responsáveis por resolver nossos mesquinhos problemas, o tempo silenciosamente agiu para providenciar nosso reencontro. É amor, eu sei. Mas há dúvidas também. Estamos confusos, estamos surpresos, conscientes. E que mesmo havendo ainda coisas pra resolver, e tendo que conviver com um translúcido momento de espera, minhas coisas mudaram. As almofadas que estavam sujas sobre o carpete, limparam. Coisas que pareciam escuras – negras – estranhas, brilham com força. Tudo muda, até mesmo as flores que eu não ganhavam á dias. Margaridas.”

                                    YP'               03/10                        12:41hrs