“Meus olhos se abriram cedo. O telefone que tinha ficado no chão na noite passada tocava incansavelmente e tudo o que eu mais queria era ficar sozinha naquele momento. Eu não estava tão depressiva a ponto de querer me jogar da varanda, mas eu precisava mesmo pensar. Pensar se era isso que eu queria, que eu falava, que eu buscava. Pensar sobre o percurso que eu fazia todos os dias indo pra escola, onde eu já conhecia todas as pedras que iriam atrapalhar minha passagem, todas as pessoas que eu iria ver e até o carteiro que iria passar por mim exatamente em frente a floricultura a duas quadras da minha casa. E o resto.
Era tudo tão sublime. Ninguém me culpava de nada, me cobrava apenas o necessário, o óbvio. Mas porque tudo isso ta acontecendo? Porque eu me sinto sozinha, mesmo com tanta gente que eu encontro? Na verdade, nenhum deles e nada que tenho quer meu sorriso. Querem apenas o meu respirar com uma única condição, a da sinceridade. E nada irá mudar apenas para o meu bem. Tudo muda e todo mundo luta por um querer maior, da conta dos seus medíocres hiatos. E seu eu – por vontade própria – não mudar, é melhor comprar uma cadeira de balanço - que com o tempo irá fazer barulho - e com um copo de leite quente e um livro, esperar a velhice chegar.”
YP' 20/10 12:39h
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