24 de outubro de 2011


“Era tarde. Eu ainda programava minha chegada e fechava nos três meses que eu ficava fixada em fazer apenas uma coisa. Tudo tinha mudado. As canecas de leite quente, ainda suja sobre a escrivaninha, as roupas sujas jogadas no chão, o lápis sobre o caderno verde-neon e foco. Eu já tinha deixado os e-mails e o celular. Mensagens somadas todos os dias na caixa postal. Você não tinha mais notícias minhas e talvez tivesse até desistido de nós dois. Eu tinha fixo na mente um único objetivo e jamais iria deixar sair algo errado porque era minha vida em jogo, a nossa.
 Passou uma semana e chegou o grande dia. Eu passara a noite acordada pensando como poderia ser. O frio na barriga vinha em intervalos curtos e as mãos ‘vez ou outra’ suavam, parecia ansiedade. Eram seis horas, então liguei pra um táxi e pedi pra ele parar no final do quarteirão. Entrei no quarto dos meus pais, dei um beijo neles e deixei um bilhete que dizia para não se preocuparem – como se fosse possível. Parei no aeroporto, anunciaram a decolagem e quando, finalmente sentei no meu canto, uma lágrima desceu. Preocupação e felicidade misturadas em apenas uma gota de água salgada que caia dos meus olhos. Cinqüenta e três minutos depois eu pegava outro táxi, perguntou de onde eu era e me disse algumas coisas que meu pensamento longe não me deixou entender. Quando chegamos na praça principal eu pedi uma floricultura, comprei uma única margarida e seguimos até uma árvore grande que ficava em frente ao local que você trabalha. Sentada em uma calçada, pensei se era isso mesmo que eu queria e se tudo desse certo, como seria o depois?
Então você entrou, deu bom dia como sempre fazia e começou a trabalhar. Levantei num instante, arrumei os cabelos, me olhei no espelho e caminhei em direção a porta, deixando apenas o tempo perdido pra trás. Eu já sentia seu cheiro, aquele que durante meses, imaginava sentir, e apenas sentir. Você estava de costas, quando num primeiro passo que dei adentrando a porta eu ouço sua voz dizer: “Esperei todos os dias por esse momento, eu te amo.”. Então você vira. Seus olhos choravam e seu sorriso era como de uma criança ingênua, com medo de perder o bem mais precioso que garantia sua pequenez, e me abraçou. Pediu pra eu ficar e sussurrou no meu ouvido que jamais imaginou tamanha felicidade.”

                                                                  YP'           11:13h

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